sexta-feira, 17 de maio de 2013

Crimes perfeitos não deixam suspeitos


Já eram quase duas da tarde quando terminei minha entrevista de emprego.
Apesar do nervosismo natural que uma oportunidade dessa
causa, tinha confiança que havia me saído bem. O sol estava a pino e meu estômago ansiava por comida. Na correria para não me atrasar fiz
um rápido desjejum com um copo de leite gelado.
No centro há uma variedade de restaurantes, em poucos metros encontramos desde a requintada comida francesa até a saudável
cozinha oriental. Sem contar nas diversas lanchonetes com seus “fast food’s” cada vez mais criativos.


No corre-corre, a multidão se aglomerava em busca de comida.

Mesmo nos tempos modernos, nos quais não precisamos caçar para comer
(pelo menos nas áreas urbanas), acredito que o homem ainda mantém sua agressividade, ainda somos os mesmos predadores à procura do mais saboroso alimento, dependendo é claro, do bolso de cada um.



O meu estava bem precário, devo admitir. Há algum tempo desempregado, economizava o máximo que podia uma pequena reserva que mal pagava as contas básicas. Pouco a pouco minha esperança por uma boa refeição diminuía.

O jeito era apelar para os vendedores ambulantes, onde também havia muitas opções de “fast” (ou “trash food” se atentarmos para tamanha falta de preocupação com higiene de alguns vendedores). Não sou um daqueles maníacos por limpeza, longe disso! Mas com comida sou bastante exigente.


Após caminhar pouco mais de duas quadras, gastando alguns minutos e a sola do meu sapato, enfim achei um lugar para comer.

Havia satisfação nas pessoas que comiam ali.
Que pelos dizeres da placa encostada no carro personalizado de “Hotdog-móvel” degustavam um delicioso cachorro quente, que
podia ser com milho, bacon, ervilhas, prensado ou especial com direito ainda a um copo de um refrescante suco de laranja ou limão. Era o que meu estomago precisava, tudo que minha consciência
permitia e também tudo que meu dinheiro podia pagar.



O vendedor usava avental, touca no cabelo e pasmem até LUVAS!

Um verdadeiro “oásis no deserto” metropolitano!
Ele era um sujeito muito simpático, desses que atraem a clientela com bom humor, brincava com seus clientes enquanto preparava os lanches. Eu, tentando distrair a fome, abri meu jornal à procura de alguma oportunidade de emprego que pudesse ter deixado passar despercebida nos classificados.



Distraído na busca, só dei conta que minha vez havia chegado quando

fui interrompido pelo vendedor, perguntando como eu queria o meu cachorro quente. Brinquei com ele dizendo que na minha infância cachorro quente era: pão, salsicha, maionese, “catchup” e mostarda.
Mas com a fome que estava podia ser o especial.



- Cheio de sangue!



- O que disse? – perguntei a ele.



- A foto... A foto da capa! Está cheia de sangue...

- Ah sim! A manchete...



Ele se referia à foto de um homem que fora encontrado morto na madrugada. E que em sua opinião seria provavelmente “mais um crime sem solução”. Discordei dizendo não acreditar em crimes perfeitos. Ele riu mostrando que sua higiene com a comida não se estendia aos dentes.

-Há muitos crimes perfeitos, meu rapaz.
Tem gente muito criativa, com planos mirabolantes, esses jamais serão pegos –filosofou enquanto cortava meu pão.



Voltei à minha busca nos anúncios, mas ele novamente me interrompeu.



- Eu sei de um caso assim. Um crime em que o culpado jamais foi descoberto, aliás, não houve ao menos crime perante as autoridades –disse ele enquanto passava a maionese.



Notando que não haveria sequer possibilidade de continuar minha leitura, já que restara apenas eu para o vendedor tagarela papear, dei o empurrãozinho que faltava para o homem me contar o causo.



- É mesmo?



- Sim! Sim! – disse ele empolgado, enquanto recheava meu “hot dog" com milho e ervilhas. Sabe aqueles casais de quem todo mundo sente inveja?

Pois bem, conheci um casal assim. Ele amava aquela mulher mais que a si mesmo. Fazia o que podia e não podia por ela. Quando estavam juntos parecia não haver nada ao redor dos dois. Todos dizem que ela era uma mulher de sorte por ter encontrado um homem tão amável.


Mas talvez ela não pensasse assim, ou pelo menos naquela altura do relacionamento o amor já não era tão intenso. Digo isso por parte dela, pois nele dava para notar facilmente a embriaguez da paixão. Todo o dia antes de voltar para casa, ele comprava as mais belas flores e a presenteava com um lindo buquê.



Ela o recebia sempre com uma de suas camisolas de seda, a qual caía muito bem em seu corpo levemente torneado. E assim o romance foi levado até uma típica tarde de verão. Sua mercadoria naquele dia foi toda vendida, ele estava contente,

com o bolso cheio de dinheiro e resolveu lhe fazer uma surpresa. Mal sabia que naquele trágico dia a surpresa estava reservada para ele.


Antes de retornar para casa passou numa joalheria, onde sua amada namorava há meses um lindo anel de prata recheado com pequenas pedras ametistas. Ele, em segredo, guardou todos os dias uma parte dos seus ganhos, conquistados com muito trabalho.

Fez isso durante semanas, e finalmente podia presenteá-la. Pagou a joia à vista. E pediu para a vendedora o porta-anel mais bonito que houvesse na loja.


Era um lindo presente, não mais belo que os olhos de sua amada. Não via a hora de lhe colocar a joia no dedo, e ver seus olhos reluzirem o brilho prateado do anel. Ao chegar em casa, abriu a porta com cuidado para surpreende-la, estava tudo silencioso. Tirou os sapatos e foi até a suíte. No corredor pode ouvir o chuveiro, ela estava no banho preparando-se para ele, pensou. Abriu a porta do quarto devagar e se deparou com a cama desarrumada, lá pôde ouvir melhor o som da água caindo no piso, misturado com pequenas risadas e gemidos. No chão, espalhadas pelo carpete azul, as roupas que para sua surpresa e desgraça não eram apenas de sua mulher.



Suas mãos trêmulas eram quase impossíveis de coordenar, mas o seu ódio o conduzia. A porta do banheiro estava apenas encostada e ele com um toque sutil abriu apenas o suficiente para ver com seus próprios olhos, através do box de vidro transparente, sua mulher, de joelhos. A razão da sua vida, usando todo prazer que sua carícia oral oferecia em outro homem.



A vontade do homem traído era arrebentar os dois naquele momento.

Mas não o fez.


- Não o fez? – perguntei nessa altura já com a boca cheia de pão e salsicha.



- Não! Ele se conteve, jogou o anel no chão, saiu do quarto com a mesma discrição que entrou e foi até o quartinho de ferramentas.

Ao abrir, imaginou o estrago que cada uma daquelas ferramentas poderia produzir nos amantes. E preferiu o machado.
Sua escolha não poderia ter sido melhor, pois afiado como estava, depois de cortar lenhas durante todo o inverno, seria como cortar manteiga com faca quente.
Os gemidos e gritos de prazer invadiam todo o corredor, eles se amavam mais e mais sem ao menos imaginar o terrível destino que os esperava.



Ele voltou ao quarto com o machado em punho, nessa hora sem a preocupação de ser notado. Abriu a porta do banheiro, e se aproximou do box. Sua companheira e o amante nessa altura nem poderia nota-lo devido à posição em que se encontravam.



Com toda sua força, o homem traído desferiu um golpe contra o box, o som do vidro estilhaçado pelo machado envolto ao grito de dor do amante, que sofrera com toda a carga da lamina do machado em suas costas, transformou o ambiente.



Ele sentiu prazer ao ver sua mulher desesperada partir em cima dele, e com um soco violento em seu rosto atirou-a no chão.

O amante, caído, tentava se arrastar, cortando sua pele nos estilhaços. Em vão. O algoz se aproximou e prensando as costas da vitima contra o piso, retirou o machado com fúria maior que a usada para cravar-lhe anteriormente. Então com o poder de um carrasco encostou a lamina manchada pelo sangue no pescoço do desventurado. Ele queria que o sujeito sentisse todo o pavor, queria que o sussurro da morte iminente lhe soprasse os ouvidos naquele instante para então desferir o golpe fatal.
A cabeça, arrancada do corpo parecia banhar-se no sangue.



Então voltou sua atenção para ela, o amor da sua vida, que tentava se levantar.

Estava branca como leite, com o lado esquerdo da face inchado pelo golpe que sofrera. E mesmo assim ainda era atraente, sua beleza hipnotizava o pobre homem, e ela sabia disso. Suplicando para que ele poupasse sua vida, ficou de joelhos. Ele não conseguia odiá-la, por mais que quisesse, e como queria... Mas não conseguia. Aproximou-se chorando e deu lhe um beijo suave na testa.
Mas fora traído novamente. E sentiu a sua fronte ser cortada por um pedaço pontiagudo de vidro que ela sorrateiramente apanhou do chão.



Ele caiu e ela na tentativa da fuga escorregou no piso molhado de água e sangue.

Então ele a pegou novamente, mas dessa vez sem piedade alguma socou sua cabeça no chão, uma, duas, dez vezes, quanto mais batia, mais queria bater, e assim o fez. Até que o barulho das batidas foi ficando cada vez mais abafado pela massa encefálica que recheava o piso, os longos fios louros da amada e seus dedos. Então ele sentou-se embaixo do chuveiro e ali permaneceu por horas.


Quando voltou a si, sentiu-se bem por tudo aquilo, tinha lavado sua honra e precisava limpar tudo aquilo. Pensou por um tempo numa maneira de ocultar todo aquele lixo, aqueles dois imensos pedaços de escória que sujavam seu banheiro.



E arrumou uma maneira, digamos... Criativa! Um plano perfeito para que nunca fosse descoberto. E assim o fez. Até hoje ela e o amante, um vendedor de livros, são dados como desaparecidos. E o homem pode assim ter novamente sua vida, com dignidade e honra. Um crime perfeito viu só?



- É isso? E a polícia? Nada descobriu? – perguntei



- Nada! Bom, meu rapaz, vejo que terminou seu lanche, e já está na minha hora – respondeu-me o vendedor tirando suas luvas e o avental.



- Mas o que ele fez com os corpos?



- Desfez-se deles. Ora, use sua imaginação...



- Não, espera! Se fosse um crime perfeito você não saberia. Ao menos que...



Foi então que notei, ao vê-lo sem touca, uma enorme cicatriz em sua face. Isso me gelou a espinha, e me paralisou de tal forma que não consegui dizer mais nada. O homem terminou de guardar suas coisas, entrou no carro e partiu.



Pasmo com tudo aquilo, senti um pequeno incomodo, como se houvesse

chupado uma manga e um fiapo tivesse preso entre os dentes, cutuquei com o dedo e retirei um pequeno fio de cabelo louro. E aquilo me trouxe
a última coisa que o vendedor me disse quando o questionei sobre os corpos...



“Use sua imaginação...”


                                             Por: Fernando Ferric

terça-feira, 14 de maio de 2013

O Devorador


Estou em meu quarto, chorando e gritando de medo, meus pais já estão mortos, foram decapitados e devorados por ele, morreram na minha frente e eu não consegui fazer nada além de ficar olhando ele lamber o sangue deles, o relógio começa a badalar e isso significa que ele esta vindo ate mim, a cada badalada ele se aproxima farejando meu medo, ele esta perto, sinto sua presença em meu quarto, a porta se abre, e então eu o vejo…. (Gritos!)

Apos quatro anos fora do Brasil eu volto, não porque eu quero, mas sim porque preciso enterrar meus pais e meu irmão, morreram de uma forma brutal por uma espécie de ceita ou culto monstruoso, eles foram encontrados sem a cabeça e com o estomago devorado, quem foi o monstro que fez isso com ele?

Duas semanas se passaram e eu não consigo parar de pensar, como a policia e a pericia conseguiram fechar o caso falando que não existe nada na qual demonstre um suspeito, como o mundo pode ser tão injusto? Meu pensamento não para por um minuto, só penso em vingança, em matar, eu vou vingar você meu maninho, eu prometo! 

Volto a tomar antidepressivos graças a minha psiquiatra que me aconselhou a escrever novamente neste diário, eu odeio ter que escrever nisso mas a única coisa que consegue me deixar calmo é escrever nestas malditas folhas, mas quando fecho os olhos eu só lembro do rosto do meu irmão e de seu corpo sem a cabeça… 

Misteriosamente chegou em minhas mãos o diário do meu irmão através dos correios, inicialmente fiquei com medo de começar a ler e achar coisas na qual eu não deveria achar, mas a curiosidade é maior então decido ler… 

Dia 28/05/2012 

Hoje é meu aniversario, estou tão feliz por estar fazendo 13 anos! O melhor presente que achei foi um livro chamado O devorador, é um livro de terror com alguns rituais estranhos, um dia ainda farei para ver se isso existe! 

Dia 02/06/2012

 Estou louco por esta entidade chamada O devorador, dizem que sua historia é a seguinte: Ele era o servo de uma ceita, sua fome era tão grande que ele começou a comer pequenos animais vivos, mas nada satisfazia e então matou sua esposa e a devorou, matou seus pais e os devorou, matou toda sua família e a devorou e no final, devorou a si mesmo para satisfazer sua fome, O diabo então satisfeito com a sua gula o premiou transformando ele em um demônio no qual seu poder é atormentar suas vitimas com ganancia para que no final quando não sobrasse nada eles a devorassem. 

Dia 08/07/2012 

Ontem fui dormir na casa de um amigo e algo muito estranho aconteceu, decidimos fazer o ritual de invocação do Devorador, fizemos um pentagrama invertido em sua sala e envolvemos com vela suas pontas, e pronunciamos as seguintes palavras: 

Eu invoco o senhor da fome, da dor, da destruição, o senhor daquilo que existe entre os desejos, aquele no qual não devemos pronunciar o nome, aquele no qual daremos as nossas cabeças como troféu, aquele no qual irá nos vigiar ate chegarmos a insanidade e quando estivermos desesperados e ele estiver totalmente cansado de jogar irá nos matar e acabar com todos aqueles que nos amamos, eu invoco O DEVORADOR!

 Por um momento todas as luzes da casa se apagaram e eu vi em minha mente milhares de olhos nas paredes me observando, me vigiando, então eu e meu amigo caímos desmaiados e acordamos no outro dia com os pais dele rindo porque dormimos na sala, não existia pentagrama, não existia nada, isso foi muito estranho.

Dia 09/07/2012 

Meu amigo me ligou desesperado falando que sonhou com varias crianças chorando e elas estavam sem suas cabeças, e quando ele acordou ele viu em seu armário uma cabeça sem olhos com sangue escorrendo por todos orifícios e ouviu a seguinte palavra: O DEVORADOR TE OBSERVA!

Dia 15/07/2012

 Eu não posso acreditar, DEUS PORQUE!? PORQUE!? Meu amigo esta morto e seus pais também! Ele matou seus pais e depois se matou! Eu…. não posso acreditar! 

Dia 16/07/2012
  
Vejo um e-mail do meu amigo e então decido ler, nele esta escrito: 

Nós nunca devíamos ter feito isso, agora nós somos dele, lhe desejo sorte amigo, irei obedecer as vozes e acabar com tudo isso, tenha sorte, tenha fé, que Deus te siga em sua jornada pois creio que ele me abandonará depois disso, Adeus meu irmão! Vejo uma palavra escrita com fonte baixa, aproximo meus olhos e leio: 

O DEVORADOR VAI TE PEGAR!

Dia 05/08/2012 

Deus… Porque? Esta noite sonhei com crianças sem cabeça me olhando, dizendo que minha cabeça será um troféu dele, daquele que não pode ser nomeado, elas estão sem olhos e chorando lagrimas de sangue, por favor Deus, esteja comigo nesta hora. 

Dia 15/08/2012

 A crianças me dizem para matar minha família e acabar com isso, salvar as almas deles e condenar apenas a minha, mas eu nunca poderia fazer isso, porque meu irmão não esta aqui agora? Será que ele vai atrás do meu irmão? Meu Deus o que fui fazer? 

Dia 18/08/2012 

Acordo as 3 da manha com as crianças me dizendo, acorde por favor, salve sua família! Então pego minha câmera e meu diário e vou ate o quarto de meus pais, então eu o vejo, Devorando minha mãe, e arrancando a cabeça de meu pai, eu corro ate o meu quarto e me escondo… Estou em meu quarto, chorando e gritando de medo, meus pais já estão mortos, foram decapitados e devorados por ele, morreram na minha frente e eu não consegui fazer nada além de ficar olhando ele lamber o sangue deles, o relógio começa a badalar e isso significa que ele esta vindo ate mim, a cada badalada ele se aproxima farejando meu medo, ele esta perto, sinto sua presença em meu quarto, a porta se abre, e então eu o vejo…. 


Horas já se passaram desde que acabei de ler o diário de meu irmão, o que seria este tal devorador e como eu poderia encontra-lo? Começo a beber sem parar e lanço o diário de meu irmão na parede, então uma foto avulsa cai, peguei lentamente e li a seguinte frase: 

Agora você sabe sua historia, você sabe o nome daquele que não deve ser nomeado, agora você será um troféu dele… 

O DEVORADOR ESTA ATRAS DE VOCÊ!Descrição: como ganhar dinheiro na internet