terça-feira, 1 de outubro de 2013

Angelina, Livre 2-Completos Estranhos

Ela tinha suor em sua testa assim que abriu a porta de casa. O local sempre na mesma, silencioso demais para uma casa de família, porem não parecia assim tão silencioso para Angelina que tinha zilhões de pensamentos ecoando dentro de sua cabeça.
Foi a cozinha a procura de uma faca, mas pensou que faca seria meio doloroso, pensou em tesoura, o que piorava a situação, mas foi na caixa de medicamentos que ela encontrou sua ferramenta perfeita, uma gilete nova, ainda embalada afiada o suficiente para que não provocasse tanta dor.
sentou-se no chão, no centro da sala de estar e sem saber direito como era aquilo começou ponto o tabuleiro a sua frente. Em seguida colocou sua mão acima dele e cortou a palma, foi tão rápido que ela nem sentiu, o sangue que caía ao centro do tabuleiro ia escorrendo para dentro das ranhuras em forma de letras primitivas, preenchendo-as de uma forma que parecia irreal. Então vieram os sussurros, e Angelina foi sentindo-se sonolenta, até que apagou.
Quando ela abriu seus olhos não foi o teto de sua casa que ela viu, e sim uma imensidão de branco que parecia infinita, levantou-se ainda meio atordoada para qualquer lado que ela olhasse ela via aquele branco infinito. Foi então que Angelina ouviu um farfalhar de asas atras de si, quando se virou viu a figura de um homem alto bem trajado, cabelos lisos castanhos caindo sobre sua face corada e grandes olhos caramelos atras dos fios, a menina parecia confusa:
—Quem é você? Ela perguntou.
—Sou Lúcifer, muito prazer Angelina.
—Lúcifer? Então você é o Diabo?
—Esse nome não é muito agradável, mas já que é assim que me conhecem por aí, sim, sou o Diabo.
—Mas, Os demônios costumam ter essa forma? Assim tão humanas?
—Na verdade não. Eu vesti esse traje para agradar os seus olhos.
—Esse é um ponto de vista da possessão que conseguiu me agradar.
—Está aí o porque de ser você.
—Ser eu o quê?
Uma cedeira grande almofadada aparece do nada. Lúcifer se senta e pede para que Angelina também se sente:
—Imagine só, anjo, uma pessoa comum ficando cara a cara com o Diabo, o que você acha que ela faria?
—Morreria de medo, aposto que rezaria todas as orações que aprendeu na vida. Ela sorri gentilmente.
—Exato! -Lúcifer aponta o dedo indicador para Angelina como um sinal concordante.-
Mas e você Angelina? como se sente estando sentada conversando com o Diabo?
—Intrigada, diria até mesmo...
—Até mesmo o que, criança?
—Me sinto até mesmo feliz.
Lúcifer se cala, olha para o nada por alguns instantes até que diz:
—Você faria um favor a mim, filha?
—Faria sim. mas, você me chamou de filha?
—Bom, posso ser seu pai adotivo. -Lúcifer sorriu de uma forma que chegava a assustar.-
—Adoraria.
Angelina sente-se sendo arrastada subitamente do mundo branco, a campainha da casa tocava, ela sente-se um pouco irritada por isso, abre a porta da casa e lá está parado menino aparentemente da idade de Angelina, pele clara, cabelos escuros e ondulados, olhos azuis cheios de lágrimas que transbordavam. Antes que a menina pudesse dizer qualquer coisa o garoto sussurrou em seu ouvido: "não faça isso". E sumiu no ar.
Angelina voltou a sala ainda tentando entender o que acabara de acontecer, então sobre o tabuleiro estava um pequeno pedaço de papel escrito: "Nos vemos amanhã."
CONTINUA...


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Angelina, Livre

Angelina estava sozinha em casa, se sentia deprimida e solitária. Seus pais trabalhavam na fabrica mestre da pequena cidade e mal tinham tempo de conversar com ela, ela os via duas vezes ao dia, de manhã, quando eles levantavam para trabalhar e ela para ir à escola; e no almoço quando ambos vinham para casa almoçar.
A escola não era exatamente um lugar agradável para Angelina, ela já perdia as contas das vezes que visitara a enfermaria e prestara contas na direção, não era culpa dela na verdade, é que as garotas da escola insistiam que ela era estranha e que com certeza tinha pacto com o Diabo: "Quem dera tivesse". ela sempre resmungava para si mesma.
Angelina era baixinha cerca de um metro e sessenta centímetros de altura, mantinha o cabelo escuro, longo e meio despontado, seus olhos eram de um castanho mel e a cor roxa rodeava todo o olho em conta das noites de insonia, Sua pele era pálida, mas não de total brancura por conta de algumas tentativas falhas de conseguir um bronzeado bonito para agradar um certo menino que não valia a pena. Nessa noite Angelina estava disposta a mudar, queria mais, precisava de algo mais,e foi com essa disposição que sua vida transformou-se para sempre.
Tarde do dia treze de dezembro,Angelina andava calma arrastando a neve com o coturno,ainda que parecesse perfeitamente bem havia uma confusão dentro de sua mente adolescente, ela caminhava distraidamente quando um tropeço em algo duro a fez desviar-se de sua reflexão, uma tábua de madeira com escritas desconhecidas entalhadas na sua superfície estava propositalmente bem posta acima da neve com um bilhete que incrivelmente continuava sobre a tábua apesar de todo o vento do inverno. Angelina pegou o bilhete, seus olhos quase saltaram das orbitas quando a seguinte mensagem vinha escrita nele:
"Quem dera, depois de todos te abandonarem,você tivesse simplesmente a companhia do próprio Diabo, me ligue."
Angelina procurou por toda a rua por alguém que pudesse ter deixado aquilo ali recentemente, porém a rua estava deserta, nenhuma alma sequer parecia ter passado por ali dentre duas horas atrás.
Angelina pegou a tabua, abraçou sobre o peito, ela não tinha ninguém, não poderia recusar uma companhia seja ela qual fosse, mas antes ela precisava saber como usar a tabua e quem mais poderia saber se não o simbologista falido que trabalhava na biblioteca do centro.
A menina entrou na loja apreensiva procurando por aquele rosto velho mal-humorado do senhor Patrickison. Quando ela o mostrou a tal tabua o rosto do velho homem se iluminou ele ainda meio boquiaberto dirigiu-se a menina:
— Em que lugar desse mundo você escavou para encontrar uma tábua satânica que data de quatro mil antes de Cristo? Nunca ninguém viu uma peça dessas, há relatos delas em todas as gerações de bíblias satânicas, elas era taxadas como eficazes e que por elas podiam se dirigir ao próprio satã apenas pingando uma gota de seu sangue no centro. Enfim,ninguém acredita nessa baboseira de satã,mas essa tabua vale milhões, deixe-me fazer algumas ligações, aguarde um minuto.
Angelina não ficaria para tratar de negócios, sem perceber o homem deu à ela exatamente o que ela queria, uma forma de "ligar" para para seu mais novo amigo, como pedia no bilhete.
CONTINUA...




segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Eduardo

Capitulo 2


Eduardo subiu em cima do morro que tinha no meio do campo e sentou-se.Ficou observando o bosque que tinha em volta dali, e enquanto observava via pessoas andando,em um devaneio pensou ter visto sua mãe e saiu correndo.Quando chegou perto do bosque todas as almas sumiram.Ele ficou muito intrigado com isso, foi quando ouviu Asmodeus o chama-lo.Ele olhou para o morro e lá estava o demônio.
-Você está no purgatório Eduardo.Mas, as almas que estão aqui não podem lhe ver. Disse Asmodeus.
-Por que? Indagou Eduardo
-Porque você está aqui para um proposito especial.Você achou mesmo que eu, o próprio Asmodeus, iria vir aqui para conversar com uma mera alma? Que ingenuidade.
Eduardo ficou queto esperando ele continuar a falar.Mas ele nada disse.
-E qual seria este proposito especial? Disse Eduardo depois de um tempo.
-Não revelarei agora, você tem muito o que aprender antes de saber por que está aqui.
Ele ficou calado esperando que Asmodeus continuasse a falar, mas ele nada disse.Ele ficou esperando Eduardo o questionar, e ele o fez.
-Aprender o que? Que proposito? E por que um demônio está me dizendo estas coisas, eu deveria estar no céu, não aqui.
Asmodeus riu.Ele estava se divertindo muito com o medo dele de ir para o inferno.
-E por que você acha que deveria ir para o céu?
-Porque eu nunca fiz mal a ninguém!
-Tem certeza disso?
-Sim, logico que sim! Gritou Eduardo já entrando em desespero.
-Tem razão, você nunca fez mal para ninguém, mas também nunca ajudou ninguém.Veja, sua própria mãe.Quando ela adoeceu você não a ajudou, você continuou enfiado em seu mundo de livros e a ignorou.
Ele fez silencio e refletiu sobre o que Asmodeus disse.Ele acabou concordando, mas não se entregou, não achou aquilo justo.Se ele não fez mal, deveria ir para o céu. Mas, Eduardo nem imaginava o que lhe aguardava.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Eduardo

Boa Noite


Hoje resolvi trazer uma coisa diferente para vocês. Vou começar a postar uma história que eu fiz a muito tempo atrás.Não sei se vocês vão gostar espero que gostem, a ~DonzelaDoInferno disse que está boa então vamos lá. Não sei quando vou postar a continuação, até porque só tenho dois capítulos feitos, não sei quando vai dar para continuar. Então chega de enrolação, lá vai.  Se for postar em outro lugar, adicionar os devidos créditos, obrigada :3

Capitulo 1


Seu nome era Eduardo, grande e magrelo, apaixonado por aventuras, mas não essas aventuras em florestas, bosques ou campos. Eduardo gostava de se aventurar em livros. Tudo que podia ser lido ele o fazia, imaginava ser rei quando lia contos sobre reis, cavaleiros quando lia respectivos contos, amava tudo isso. 
Mas algo mudou sua vida. Algo grande. Pobre Eduardo, a morte viera buscá-lo cedo, cedo até demais. Um dia ele jazia sentado em baixo de um carvalho, negro como o breu, admirava uma borboleta azul celeste que ali passeava desocupadamente, refletia sobre a vida, o seu amor pelos livros, pensava em ser professor.
Quando tinha sete anos ganhou seu primeiro livro, uma edição de bolso de Moby Dick, folheou algumas páginas e naquele mesmo instante descobriu o que seria da sua vida. Os livros se tornaram seus companheiros, ainda mais quando sua mãe viera a falecer. Ele se trancará em seu mundo de fantasias, tentava esquecer-se de tudo que havia ocorrido, um abrigo contra sua própria mente.
Isso de alguma forma trouxera-lhe independência, agora com 21 anos observava a linda borboleta azul celeste. Quando voltará para casa um ladrão tentou roubá-lo, Eduardo reagiu, o bandido assustado deu um tiro em seu peito, o qual fora fatal e o levou a óbito. Ninguém para orar por ele, não tinha amigos, seu pai, um tremendo alcoólatra não sabia que tinha um filho, agora morto. 
Acordou em um campo vazio somente com uma árvore ao topo de um pequeno morro, não sentia o corpo e estranhou.Mas, lembrou que havia morrido,e o pavor percorreu seu corpo . –Onde estou? Como isso aconteceu? Eduardo gritava , mas ninguém o respondia. Até que uma voz grossa e com um tom maligno viera de trás dele.
Eduardo- disse a voz –Por que o desespero, Eduardo? Uma voz rouca e grossa vinha do céu, agora cinza como as brasas de um cigarro.
–Quem é você? O que você quer de mim? A voz novamente veio à tona: 
- Eu sou o seu pior pesadelo.Sou uma coisa que você não imagina nem em seus devaneios, sou o vilão de seus livros, o causador do caos.
-Não, isso não é possível! O que eu fiz de errado? Por que você está aqui? Ou melhor, por  que eu estou aqui? Onde estou?E afinal, quem é você? A morte? 
- Acalme-se -ele deu uma risada macabra- A morte, que ingenuidade.A morte não existe.Eu sou um dos sete príncipes do Inferno,a tempos fui um anjo, fui o homem mais impuro que este miserável mundo já conheceu, sou o pior pecado, seu pior pesadelo.
Quando a entidade acabou de falar apareceu na frente de Eduardo.Ele gritou, caiu no chão e começou a rastejar para trás.A criatura era horrenda, possuía três cabeças, uma de homem com halito de fogo, uma de carneiro, e outra de touro.Possuía grandes assas negras como as de um morcego.
-Asmodeus! - Gritou Eduardo.
Ele ficou paralisado, chocado.Eduardo era ateu, não acreditava em anjos ou demônios.Após ver Asmodeus tudo o que sempre pensou não fazia sentido, todas as histórias sobre demônios que já tinha lido poderiam ser verdade.Quando Eduardo se tocou, Asmodeus havia sumido.



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Penitenciária Divina

Odeio quando chegam essas horas, é o momento em que eu normalmente desço até lá, ou subo, não sei ao certo pra que lado fica eu simplesmente tenho de ir e vou.
Sento na cadeira de balanço na varanda, a fazenda é quase que totalmente silenciosa exceto por um grilinho que insiste em cantar. A lua tão cheia e brilhante reina na imensidão negra da noite.
Ao meu lado encontra-se um cálice com sangue que eu desgostosamente retirei de um dos bodes da fazenda, mas apenas por ser necessário, em outro cálice ao lado deste contém chá de ortiga, para que eu me lembre do quão amargo é para onde vou. O sangue é a minha passagem, nele esta contida energia para que eu possa chegar até lá disposta, mas eu não o bebo isso seria nojento, eu o mantenho em mãos e é só.
Está quase na hora, uma golada no chá, cálice em mãos e o relógio de parede da sala para. Sinto tudo girar, meu corpo parece se romper em espiral, que sensação horrível, tudo dói.
Sinto meus pés tocarem terra firme, mas não é terra é pó de lava vulcânica resfriado, tudo cheira a mofo e o calor é intenso, eu costumo vir aqui todos os dias, mas é impossível se acostumar com esse clima.
Vocês devem imaginar que isso aqui é cheio de coisas, porém é vazio, não há nada aqui além de almas perdidas buscando uma saída. Não há tortura física, por que afinal não se tem um corpo, além do mais não existe tortura maior que o esquecimento; o abandono de todos; a rejeição. Sou o único ser que pisa nessa terra e minha única missão é fechar as portas que humanos mal instruídos ocasionalmente abrem.
As almas normalmente são irracionais, passam os milênios berrando e vagando pela imensidão do vazio, porém algumas delas dão sorte e acabam saindo por uma das portas que os humanos abriram, e não é muito legal quando elas saem, elas ficam stressadas e agressivas por não encontrarem o caminho até a paz e acabam causando rebuliço entre os viventes.
É por isso que estou aqui todos os dias, caminhando pelas terras fétidas e fechando cada porta. Se os humanos fossem menos imbecis e parassem de mexer com os outros mundos eu teria uma boa noite de sono.

Não sei o porquê de eu fazer isso, e nem como faço, me lembro de fazê-lo desde que eu me entendo por gente, vocês chamam o lugar para onde eu vou de trevas, inferno, gehenna,submundo, enfim. Eu chamo apenas de Penitenciaria Divina.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Sombras

Eu também costumava dizer a mim mesmo que era só coisa da minha cabeça quando eu via aqueles vultos no quarto antes de dormir, mas isso foi bem antes.
São apenas sombras que passam de relance, o que sombras podem te fazer de mal?
Isso era o que eu pensava, eu estava tão errado. Deus, como eu estava errado!
Uma bela noite deitado em minha cama eu observava-as passar por diante dos meus olhos, decidi que iria observa-las não havia mal nenhum nisso, elas nada faziam além de passar num vulto pelo quarto e sumir na parede escura, algumas eram apenas reflexos de morcegos e aves noturnas e eu costuma rir por sentir medo daquilo um dia, me sentia um idiota.
Passei a fazer isso todas as noites, era terapêutico observar e concluir o quanto a mente humana enganava. Mas numa dessas noites algo estranho aconteceu.
De tanto observar cada sombra que passava em finalmente consegui distinguir cada sombra. Pássaros, morcegos e outro tipo medonho de sombra indefinida e sem portador que deslizava pelas paredes. Ela de certa forma percebeu que eu pude distingui-la das outras e deslizou até a parede ao lado da minha cama.
Eu fiquei gélido, senti meu corpo paralisar, lutei um tempo acordado e imóvel, mas o sono me alcançou e eu adormeci.
Todas as noites seguintes foi a mesma coisa, ela chega, desliza pelas paredes e descansa ao meu lado. Porém essa não é a parte ruim das coisas, após um tempo de tormento ela não só fica ali parada ao teu lado ela começa a sussurrar sons estranhos, perturba o seu sono a noite toda, você mal dorme.
Após um tempo convivendo com isso você começa a entender os sussurros dela, ela te pede para fazer coisas ruins e te conta histórias ruins, ás vezes elas até mesmo interpretam as histórias em formas de sombras na parede.
Ela sempre me pede para que eu converse com ela, diz que se eu responde-la poderemos ser muito mais amigos.
Eu nunca ousei responde-la, sinto que pode acontecer algo ruim se eu falar diretamente á ela.
Noite passada ela disse que vou ser uma oferenda ao seu senhor em breve, que sua única tarefa era me fazer falar com ela e que ela nunca desistiria.
Me sinto cedendo, já estou ficando louco. Se algum dia alguém encontrar esse documento e eu não estiver mais aqui, siga o meu conselho: Sempre finja que você não as vê, ainda que as veja, durma e acima de tudo, nunca, absolutamente nunca fale com elas.
George Simpson

15 de setembro de 1996

domingo, 4 de agosto de 2013

Criatura Invisível

Presa nessa droga que eles chamam de clinica de recuperação, sem poder tê-lo, seu rosto era tão maravilhosamente lindo e seus olhos azuis tinha um brilho incomparável.
Eu não sou daquele tipo que senta no cantinho da sala e fica se balançando, muito menos do tipo que baba e diz ter vindo do espaço. Mas eles dizem que preciso ficar aqui, por que sou um perigo à sociedade, mas no momento a sociedade esta em perigo sem mim para alerta-los.
Naquela noite a lua estava tão linda, a lua se mantinha bem no centro do céu e as estrelas cintilavam intensamente. Eu e Pablo combinamos de assistir um filme na minha casa. Até ai tudo perfeito, tínhamos um ao outro, pipoca sobrando e refrigerante gelado.
A situação só foi mudar lá pela metade do filme, eu levantei para ir ao banheiro e quando voltei Pablo estava pálido, ele disse ter ouvido passos no quarto que ficava do lado oposto de onde eu tinha ido.
Pensamos ser um assaltante e empalidecemos igualmente, eu liguei para a emergência e eles disseram que estavam a caminho. Pablo pegou o taco de basebol do meu pai que estava atrás da porta e fomos andando com passos leves até o quarto.
Ascendemos a luz do quarto já esperando dar de cara com algum rosto maldoso. Lembro-me o quão estranho aquilo tudo foi quando vimos o quarto vazio e ainda assim o som dos passos estava presente, parecia estar a um suspiro de nós, porém não víamos absolutamente nada.
Um segundo depois e os passos cessaram, alguns segundos de silêncio cortante até que pudemos ouvir um sussurro gélido, “Em cada canto do vasto mundo haverá uma perda, da perda virá o sofrimento e é do sofrimento que renascemos”.
Olhamos-nos confusos e extremamente assustados quando demos o primeiro passo para correr algo rasgou o peito de Pablo e arrancou seu coração, eu pude vê-lo flutuar e ainda pulsou por alguns segundos, o coração carregado por algum ser invisível sumiu por janela a fora e eu fiquei sozinha debruçada sobre o corpo sem vida do meu namorado implorando a Deus para que tudo fosse apenas um sonho ruim, mas não era.
A policia chegou minutos depois de tudo, contei a eles minha história, mas eles claro, não acreditaram em mim. Jogaram-me dentro desse inferno e ainda me culparam pela morte do Pablo.
O que mais me faz sofrer todas as noites é o fato de que em cada canto desse vasto mundo haverá uma perda, da perda virá o sofrimento e do sofrimento esses seres do inferno renascerão.

Sinto sua falta meu amor, assim que eu conseguir me libertar desse inferno vou atrás desse maldito e vingarei você, Pablo. Eu prometo.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Os Swans

                                                      
Mais um dia chato de terça a noite, voltando do trabalho o relógio marcava cerca de dez da noite, fazer hora extra era um saco, mas fazer hora extra no auge do inverno era um saco duplo.
Eu ficava olhando para os pequeninos flocos de neve caindo no meu coturno e pensava comigo,“ Preciso comprar um carro.” Não era assim tão simples devido a minha pouca renda mensal e uma ex mulher sugadora. Mas afinal andar cinco ou seis quilômetros não fazia mal a ninguém.
No meio do meu trajeto melancólico de trabalho-casa vi uma garotinha encolhida frente a um portão grande, atual casa dos Swan. Ela mantinha a cabeça abaixada entre as pernas e repetia um chorar baixinho e um soluço cortante, aparentava ter uns dez anos no Maximo onze, seus cachinhos dourados estavam cobertos por neve fria ela vestia apenas um vestidinho branco de seda e tremia de frio.
Fiquei comovido pela cena, não podia deixa-la ali sem amparo algum. Aproximei-me e toquei seu ombro. Ela levantou a cabeça tão rapidamente que eu me assustei, tinha algo errado com os seus olhos, onde um dia parecia ter havido um azul vivido era quase branco como a esclera, já onde havia o branco estava colorido por um vermelho irritado.
Eu sempre acreditei em histórias de monstros e fantasmas e confesso que tremi quando ela me olhou daquele jeito. Porém eu não deveria me ligar a bobagens e abandona-la ali, então perguntei:
—O que você esta fazendo aqui a fora assim? Aconteceu alguma coisa.
Ela secou as lagrimas dos olhinhos estranhos, pegou a minha mão e disse que iria me mostrar.
Adentramos os portões da casa dos Swan e eu percebi o quanto silencioso de mais a propriedade parecia.
Quando abrimos as portas da sala principal eu fiquei horrorizado, os membros de toda a família estavam mortos, o cômodo coberto por sangue gélido e apenas um deles tinha uma arma em mãos com um buraco de saída no crânio que espirrara sangue por toda a parede bem pintada.
Trêmulo e com receio de perguntar eu me dirigi a garotinha:
—O- o que aconteceu aqui?        
A pequena menina debulhada em lágrimas novamente e em soluços começou falar:
O senhor Arnold Swan Irmão do dono da propriedade chegou na reunião de família e bêbado e raivoso, primeiro ele começou gritar e a derrubar as coisas, eu ouvia tudo quietinha lá embaixo, de repente ouvi um tiro BANG! E todos começaram a gritar depois ouvi os berros das meninas e mais BANGs da arma, foi quando o ultimo BANG disparou e tudo ficou num silêncio absoluto. Ele não sabia que eu estava aqui eu sou uma criança rejeitada por ter sido fruto do pecado do senhor Swan e sua filha Elisa. Só hoje me libertei de lá e hoje todos estão mortos.

Eu a peguei no colo e a abracei forte, concordava que fantasmas e monstros eram maus, mas humanos, humanos são loucos.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Amizade


Eu não sei ao certo como lidar com esse tipo de coisa, Cindy e eu somos melhores amigas e eu sei que ela não faria nada de mal comigo, porém assistir ao que ela faz é angustiante e repulsivo. Eu tenho vontade de sair correndo e gritar, mas enquanto ela faz isso seus olhos me dão medo.
Um dia desses eu fui à casa dela como de costume, ela sempre me chama tarde da noite chorando no telefone por se sentir uma pessoa ruim. Eu sinto muita pena dela por ela ser sozinha nesse mundo, e meio que por burrice eu sempre vou.
Só que nesse dia ela estava diferente, parecia ter dado de cara com o próprio diabo, estava mais pálida que de costume e com os olhos extremamente arregalados. Eu a segurei pelos braços e a chacoalhei gritando:
—Cindy! Cindy! O que aconteceu? Fala comigo.
Ela abria a boca, mas não conseguia fazer com que a voz saísse muito certa, mas de tanto tentar ela finalmente conseguiu pronunciar alguma coisa:
—Eles vieram atrás de mim, querem me levar com eles.
—Eles quem? De quem você ta falando?
—Todos aqueles que eu já matei por diversão. Eles voltaram, querem se vingar.
Aquilo definitivamente não era possível, estávamos sozinhas na casa eu não via e nem ouvia nada, com certeza Cindy estava delirando e precisava urgentemente de tratamento. Ela ficou sentada no chão enfrente ao sofá com as mãos apertadas contra os ouvidos e os olhos fechados enquanto eu me levantava e ia até o telefone ligar para qualquer clinica que atendesse.
Enquanto eu esperava alguém me atender Cindy veio por trás e agarrou um dos meus braços, fiquei um pouco assustada mas continuei imóvel, ela sussurrou no meu ouvido antes de cair dura como uma pedra no chão. Ela havia me pedido para que eu terminasse sua coleção.      Não sabia muito bem o que fazer com o corpo dela ali naquela sala, já sem vida. Eu não conseguia chorar, para mim foi de certa forma um alívio ela ter partido.
Fui a única em seu velório e hoje dedico meus dias ao trabalho de um porão repleto de bonecas humanas sem olhos, não sei por quê, mas a Cindy sempre arrancava os olhos.


Não é algo que eu goste, mas vou fazer até completar a coleção dela, Afinal éramos amigas.

Curse of Chucky

Boa Noite.




Não sei se vocês sabem, alguns devem saber, sobre o novo filme do Chucky. O criador da série Don Mancini, resolveu lançar mais um filme sobre o boneco.O longa metragem ganhará o nome de Curse Of Chucky. Não Será uma continuação da franquia.O filme é focado numa família que se reúne para um funeral.De repente, vários familiares começam a morrer misteriosamente.Uma criança começa a desconfiar que o responsável pelos assassinatos seja seu novo boneco que chegou misteriosamente pelo correio.   
O filme estreia dia 24 de Setembro nos Estados Unidos em Blu-Ray e DVD, não irá para os cinemas.


O trailer oficial foi divulgado dia 08/07

domingo, 2 de junho de 2013

Vilões


Olá pessoas -u-

Como o título já diz, vou falar sobre os 10 vilões mais fodas na MINHA opinião ok? auheuahe

10- Ghostface

Não sei muito sobre ele mas sei que ele mata com uma faca afiadissima, mantem sua identidade secreta e usa roupas pretas.




9- Chucky

Acho que todo mundo conhece neh? UAHEUAUHE 
Charles Lee Ray um serial killer está fugindo da policia quando tem a maravilhosa ideia de entrar em uma loja de brinquedos e usar seus conhecimentos vodoo para passar sua alma para um boneco, o resto nn preciso falar que vcs sabem aeuhauhe


8- Jack Torrance (masoq?)

Nada mais nada menos do que ele 
masoq² ta vou simplificar UAHEUHAUEH
Na foto de cima e ele em uma outra versão do filme que eu vi outro dia que tem 4 hora ;-; Ele é um escritor ex-professor que foi afastado do cargo por agredir um aluno UAHEUAHE ele é alcoólatra e está tentando reconstruir a sua vida aceitando o emprego de caseiro durante o rigoroso inverno no hotel overlook.Ele se muda para lá com a sua mulher e o seu filho telepata Danny.O hotel é assombrado e os espíritos querem o menino e  usam ele para consegui-lo e bla bla bla.

7- Hannibal Lecter

Acho que nn preciso falar nada UHAUHAUHE


6- Pennywise

Um palhaço que se alimenta do medo das crianças, ele entra na mente delas vê o que elas temem e se transforma naquilo.Acho ele meio pedófilo mas isso não vem ao caso.



5- Pinehead


Não vou falar muita coisa sobre ele pois nn vi os filmes T-T
Mas acho ele mt daora, ele tem pregos por toda a cabeça, abre a caixa e vc morre.



4- Freddy

Apesar de eu odiar ele, ele tinha que estar aqui.
Ele era zelador numa escola de educação infantil e ele abusa das criancinhas, quando um dia os pais souberam e botaram fogo num galpão onde ele estava.Quando as crianças estão adultas ele volta para mata-la no sonho, ou seja, dormiu fodeu, morreu UAHEUHE


3- Leathfacer

Um dos 1° vilões de terror se não me engano.
Leathfacer vive com o seu pai e seu irmão numa cidade isolada do Texas.Usa uma serra elétrica para matar suas vitimas e deve pesar uns 120 kilos de pura carne humana, sua família é canibal.Usa uma mascara de pele humana acho e não tem dó do seu jantar UHAEAUHE


2- Jason

Ain meu lindo UAHEUAUEH 
Morreu afogado no lago Crystal Lake por negligência dos monitores que estavam fazendo sexo na hora, esse povo u-u Ele volta, meio zumbi mas não, e mata todos que ousam perturbar seu "sono".Ele usa absolutamente tudo para matar suas vitimas, até elas mesmas.


1- Michael Myers

Logico que ele tinha que estar em 1° neh u-u lindo <3 aueauhe parei.

Matou sua irmã quando era pequeno na noite de halloween e foi mandando para um hospício de onde escapou.No dia do 16° aniversário da sua irmã mais nova começou um massacre matando todos ao redor dela e tentando matá-la.Ele já foi baleado, queimado,afogado e até mesmo decapitado se não me engano, mas ele não morre AUHEAUHAHE Nada o impede de fazer um próximo filme e tentar matar todos de novo.

É isso, bons pesadelos queridos.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Crimes perfeitos não deixam suspeitos


Já eram quase duas da tarde quando terminei minha entrevista de emprego.
Apesar do nervosismo natural que uma oportunidade dessa
causa, tinha confiança que havia me saído bem. O sol estava a pino e meu estômago ansiava por comida. Na correria para não me atrasar fiz
um rápido desjejum com um copo de leite gelado.
No centro há uma variedade de restaurantes, em poucos metros encontramos desde a requintada comida francesa até a saudável
cozinha oriental. Sem contar nas diversas lanchonetes com seus “fast food’s” cada vez mais criativos.


No corre-corre, a multidão se aglomerava em busca de comida.

Mesmo nos tempos modernos, nos quais não precisamos caçar para comer
(pelo menos nas áreas urbanas), acredito que o homem ainda mantém sua agressividade, ainda somos os mesmos predadores à procura do mais saboroso alimento, dependendo é claro, do bolso de cada um.



O meu estava bem precário, devo admitir. Há algum tempo desempregado, economizava o máximo que podia uma pequena reserva que mal pagava as contas básicas. Pouco a pouco minha esperança por uma boa refeição diminuía.

O jeito era apelar para os vendedores ambulantes, onde também havia muitas opções de “fast” (ou “trash food” se atentarmos para tamanha falta de preocupação com higiene de alguns vendedores). Não sou um daqueles maníacos por limpeza, longe disso! Mas com comida sou bastante exigente.


Após caminhar pouco mais de duas quadras, gastando alguns minutos e a sola do meu sapato, enfim achei um lugar para comer.

Havia satisfação nas pessoas que comiam ali.
Que pelos dizeres da placa encostada no carro personalizado de “Hotdog-móvel” degustavam um delicioso cachorro quente, que
podia ser com milho, bacon, ervilhas, prensado ou especial com direito ainda a um copo de um refrescante suco de laranja ou limão. Era o que meu estomago precisava, tudo que minha consciência
permitia e também tudo que meu dinheiro podia pagar.



O vendedor usava avental, touca no cabelo e pasmem até LUVAS!

Um verdadeiro “oásis no deserto” metropolitano!
Ele era um sujeito muito simpático, desses que atraem a clientela com bom humor, brincava com seus clientes enquanto preparava os lanches. Eu, tentando distrair a fome, abri meu jornal à procura de alguma oportunidade de emprego que pudesse ter deixado passar despercebida nos classificados.



Distraído na busca, só dei conta que minha vez havia chegado quando

fui interrompido pelo vendedor, perguntando como eu queria o meu cachorro quente. Brinquei com ele dizendo que na minha infância cachorro quente era: pão, salsicha, maionese, “catchup” e mostarda.
Mas com a fome que estava podia ser o especial.



- Cheio de sangue!



- O que disse? – perguntei a ele.



- A foto... A foto da capa! Está cheia de sangue...

- Ah sim! A manchete...



Ele se referia à foto de um homem que fora encontrado morto na madrugada. E que em sua opinião seria provavelmente “mais um crime sem solução”. Discordei dizendo não acreditar em crimes perfeitos. Ele riu mostrando que sua higiene com a comida não se estendia aos dentes.

-Há muitos crimes perfeitos, meu rapaz.
Tem gente muito criativa, com planos mirabolantes, esses jamais serão pegos –filosofou enquanto cortava meu pão.



Voltei à minha busca nos anúncios, mas ele novamente me interrompeu.



- Eu sei de um caso assim. Um crime em que o culpado jamais foi descoberto, aliás, não houve ao menos crime perante as autoridades –disse ele enquanto passava a maionese.



Notando que não haveria sequer possibilidade de continuar minha leitura, já que restara apenas eu para o vendedor tagarela papear, dei o empurrãozinho que faltava para o homem me contar o causo.



- É mesmo?



- Sim! Sim! – disse ele empolgado, enquanto recheava meu “hot dog" com milho e ervilhas. Sabe aqueles casais de quem todo mundo sente inveja?

Pois bem, conheci um casal assim. Ele amava aquela mulher mais que a si mesmo. Fazia o que podia e não podia por ela. Quando estavam juntos parecia não haver nada ao redor dos dois. Todos dizem que ela era uma mulher de sorte por ter encontrado um homem tão amável.


Mas talvez ela não pensasse assim, ou pelo menos naquela altura do relacionamento o amor já não era tão intenso. Digo isso por parte dela, pois nele dava para notar facilmente a embriaguez da paixão. Todo o dia antes de voltar para casa, ele comprava as mais belas flores e a presenteava com um lindo buquê.



Ela o recebia sempre com uma de suas camisolas de seda, a qual caía muito bem em seu corpo levemente torneado. E assim o romance foi levado até uma típica tarde de verão. Sua mercadoria naquele dia foi toda vendida, ele estava contente,

com o bolso cheio de dinheiro e resolveu lhe fazer uma surpresa. Mal sabia que naquele trágico dia a surpresa estava reservada para ele.


Antes de retornar para casa passou numa joalheria, onde sua amada namorava há meses um lindo anel de prata recheado com pequenas pedras ametistas. Ele, em segredo, guardou todos os dias uma parte dos seus ganhos, conquistados com muito trabalho.

Fez isso durante semanas, e finalmente podia presenteá-la. Pagou a joia à vista. E pediu para a vendedora o porta-anel mais bonito que houvesse na loja.


Era um lindo presente, não mais belo que os olhos de sua amada. Não via a hora de lhe colocar a joia no dedo, e ver seus olhos reluzirem o brilho prateado do anel. Ao chegar em casa, abriu a porta com cuidado para surpreende-la, estava tudo silencioso. Tirou os sapatos e foi até a suíte. No corredor pode ouvir o chuveiro, ela estava no banho preparando-se para ele, pensou. Abriu a porta do quarto devagar e se deparou com a cama desarrumada, lá pôde ouvir melhor o som da água caindo no piso, misturado com pequenas risadas e gemidos. No chão, espalhadas pelo carpete azul, as roupas que para sua surpresa e desgraça não eram apenas de sua mulher.



Suas mãos trêmulas eram quase impossíveis de coordenar, mas o seu ódio o conduzia. A porta do banheiro estava apenas encostada e ele com um toque sutil abriu apenas o suficiente para ver com seus próprios olhos, através do box de vidro transparente, sua mulher, de joelhos. A razão da sua vida, usando todo prazer que sua carícia oral oferecia em outro homem.



A vontade do homem traído era arrebentar os dois naquele momento.

Mas não o fez.


- Não o fez? – perguntei nessa altura já com a boca cheia de pão e salsicha.



- Não! Ele se conteve, jogou o anel no chão, saiu do quarto com a mesma discrição que entrou e foi até o quartinho de ferramentas.

Ao abrir, imaginou o estrago que cada uma daquelas ferramentas poderia produzir nos amantes. E preferiu o machado.
Sua escolha não poderia ter sido melhor, pois afiado como estava, depois de cortar lenhas durante todo o inverno, seria como cortar manteiga com faca quente.
Os gemidos e gritos de prazer invadiam todo o corredor, eles se amavam mais e mais sem ao menos imaginar o terrível destino que os esperava.



Ele voltou ao quarto com o machado em punho, nessa hora sem a preocupação de ser notado. Abriu a porta do banheiro, e se aproximou do box. Sua companheira e o amante nessa altura nem poderia nota-lo devido à posição em que se encontravam.



Com toda sua força, o homem traído desferiu um golpe contra o box, o som do vidro estilhaçado pelo machado envolto ao grito de dor do amante, que sofrera com toda a carga da lamina do machado em suas costas, transformou o ambiente.



Ele sentiu prazer ao ver sua mulher desesperada partir em cima dele, e com um soco violento em seu rosto atirou-a no chão.

O amante, caído, tentava se arrastar, cortando sua pele nos estilhaços. Em vão. O algoz se aproximou e prensando as costas da vitima contra o piso, retirou o machado com fúria maior que a usada para cravar-lhe anteriormente. Então com o poder de um carrasco encostou a lamina manchada pelo sangue no pescoço do desventurado. Ele queria que o sujeito sentisse todo o pavor, queria que o sussurro da morte iminente lhe soprasse os ouvidos naquele instante para então desferir o golpe fatal.
A cabeça, arrancada do corpo parecia banhar-se no sangue.



Então voltou sua atenção para ela, o amor da sua vida, que tentava se levantar.

Estava branca como leite, com o lado esquerdo da face inchado pelo golpe que sofrera. E mesmo assim ainda era atraente, sua beleza hipnotizava o pobre homem, e ela sabia disso. Suplicando para que ele poupasse sua vida, ficou de joelhos. Ele não conseguia odiá-la, por mais que quisesse, e como queria... Mas não conseguia. Aproximou-se chorando e deu lhe um beijo suave na testa.
Mas fora traído novamente. E sentiu a sua fronte ser cortada por um pedaço pontiagudo de vidro que ela sorrateiramente apanhou do chão.



Ele caiu e ela na tentativa da fuga escorregou no piso molhado de água e sangue.

Então ele a pegou novamente, mas dessa vez sem piedade alguma socou sua cabeça no chão, uma, duas, dez vezes, quanto mais batia, mais queria bater, e assim o fez. Até que o barulho das batidas foi ficando cada vez mais abafado pela massa encefálica que recheava o piso, os longos fios louros da amada e seus dedos. Então ele sentou-se embaixo do chuveiro e ali permaneceu por horas.


Quando voltou a si, sentiu-se bem por tudo aquilo, tinha lavado sua honra e precisava limpar tudo aquilo. Pensou por um tempo numa maneira de ocultar todo aquele lixo, aqueles dois imensos pedaços de escória que sujavam seu banheiro.



E arrumou uma maneira, digamos... Criativa! Um plano perfeito para que nunca fosse descoberto. E assim o fez. Até hoje ela e o amante, um vendedor de livros, são dados como desaparecidos. E o homem pode assim ter novamente sua vida, com dignidade e honra. Um crime perfeito viu só?



- É isso? E a polícia? Nada descobriu? – perguntei



- Nada! Bom, meu rapaz, vejo que terminou seu lanche, e já está na minha hora – respondeu-me o vendedor tirando suas luvas e o avental.



- Mas o que ele fez com os corpos?



- Desfez-se deles. Ora, use sua imaginação...



- Não, espera! Se fosse um crime perfeito você não saberia. Ao menos que...



Foi então que notei, ao vê-lo sem touca, uma enorme cicatriz em sua face. Isso me gelou a espinha, e me paralisou de tal forma que não consegui dizer mais nada. O homem terminou de guardar suas coisas, entrou no carro e partiu.



Pasmo com tudo aquilo, senti um pequeno incomodo, como se houvesse

chupado uma manga e um fiapo tivesse preso entre os dentes, cutuquei com o dedo e retirei um pequeno fio de cabelo louro. E aquilo me trouxe
a última coisa que o vendedor me disse quando o questionei sobre os corpos...



“Use sua imaginação...”


                                             Por: Fernando Ferric