quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Sombras

Eu também costumava dizer a mim mesmo que era só coisa da minha cabeça quando eu via aqueles vultos no quarto antes de dormir, mas isso foi bem antes.
São apenas sombras que passam de relance, o que sombras podem te fazer de mal?
Isso era o que eu pensava, eu estava tão errado. Deus, como eu estava errado!
Uma bela noite deitado em minha cama eu observava-as passar por diante dos meus olhos, decidi que iria observa-las não havia mal nenhum nisso, elas nada faziam além de passar num vulto pelo quarto e sumir na parede escura, algumas eram apenas reflexos de morcegos e aves noturnas e eu costuma rir por sentir medo daquilo um dia, me sentia um idiota.
Passei a fazer isso todas as noites, era terapêutico observar e concluir o quanto a mente humana enganava. Mas numa dessas noites algo estranho aconteceu.
De tanto observar cada sombra que passava em finalmente consegui distinguir cada sombra. Pássaros, morcegos e outro tipo medonho de sombra indefinida e sem portador que deslizava pelas paredes. Ela de certa forma percebeu que eu pude distingui-la das outras e deslizou até a parede ao lado da minha cama.
Eu fiquei gélido, senti meu corpo paralisar, lutei um tempo acordado e imóvel, mas o sono me alcançou e eu adormeci.
Todas as noites seguintes foi a mesma coisa, ela chega, desliza pelas paredes e descansa ao meu lado. Porém essa não é a parte ruim das coisas, após um tempo de tormento ela não só fica ali parada ao teu lado ela começa a sussurrar sons estranhos, perturba o seu sono a noite toda, você mal dorme.
Após um tempo convivendo com isso você começa a entender os sussurros dela, ela te pede para fazer coisas ruins e te conta histórias ruins, ás vezes elas até mesmo interpretam as histórias em formas de sombras na parede.
Ela sempre me pede para que eu converse com ela, diz que se eu responde-la poderemos ser muito mais amigos.
Eu nunca ousei responde-la, sinto que pode acontecer algo ruim se eu falar diretamente á ela.
Noite passada ela disse que vou ser uma oferenda ao seu senhor em breve, que sua única tarefa era me fazer falar com ela e que ela nunca desistiria.
Me sinto cedendo, já estou ficando louco. Se algum dia alguém encontrar esse documento e eu não estiver mais aqui, siga o meu conselho: Sempre finja que você não as vê, ainda que as veja, durma e acima de tudo, nunca, absolutamente nunca fale com elas.
George Simpson

15 de setembro de 1996

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